Diabetes
A diabetes, conhecida por todos pela sua prevalência no mundo, é uma doença metabólica crónica caracterizada por níveis elevados de glicose no sangue (ou concentração de açúcar no sangue) que se deve essencialmente a dificuldades na ação normal da insulina e/ou à carência desta que, ao longo do tempo, pode comprometer a nossa saúde e levar a sérios danos no nosso organismo.
De uma forma bastante simples de compreender, esta doença acontece, pois, a tão conhecida hormona insulina, produzida pelo pâncreas, controla a entrada da glicose nas células e, num individuo com diabetes, devido à diminuição da sua produção endógena ou por resistência do organismo a esta hormona, este processo não ocorre corretamente, fazendo com que a glicose se acumule no sangue (1,5).
Sabia que cerca de 420 milhões de pessoas em todo o mundo possuem diabetes, sendo que cerca de 1,5 milhões das mortes estão diretamente atribuídas a esta patologia, a cada ano (1)? Saiba como prevenir e controlar esta doença!
Existem diferentes tipos de diabetes: os mais conhecidos, tipo 1, tipo 2 e gestacional e, com bastante menor frequência, diabetes tipo LADA, MODY, resistência congénita ou adquirida à insulina, entre outros. Começando pelo primeiro, a diabetes tipo 1, também conhecida como diabetes insulino-dependente, é o tipo mais frequente em crianças e jovens e é uma condição crónica na qual as células B do pâncreas deixam de produzir insulina, devido a um processo de desnutrição das mesmas. Para estes indivíduos, o acesso a tratamento acessível, incluindo a insulina, é fundamental para a sua sobrevivência e os sintomas, que podem ocorrer repentinamente, passam pela excessiva excreção de urina (poliúria), sede (polidipsia), fome constante, perda de peso, alterações na visão e fadiga. Não é conhecida a sua causa nem os meios para evitar este tipo de diabetes.
Por sua vez, a diabetes tipo 2 ocorre habitualmente na idade adulta, sendo que ultimamente tem sido observada com alguma frequência em crianças. Ocorre quando o organismo se torna resistente à insulina ou não produz insulina suficiente estando associada, em grande parte, ao excesso de peso corporal e inatividade física. Os sintomas podem ser semelhantes aos do tipo 1, no entanto são geralmente menos acentuados. Como consequência disso, a doença pode ser diagnosticada vários anos após o seu aparecimento, e após o surgimento de complicações mais graves.
Já a diabetes gestacional pode ocorrer durante a gravidez e é diagnosticada por meio da triagem pré-natal, caracterizando-se pela hiperglicemia com valores de glicose no sangue acima do normal, mas abaixo dos diagnósticos de diabetes. As mulheres grávidas com este tipo de diabetes correm um maior risco de complicações durante a gravidez e no parto, sendo que, possivelmente, os seus filhos irão correr um maior risco de desenvolverem diabetes tipo 2 no futuro.
Qual é então, o impacto desta doença na sua saúde?
Ao longo do tempo, a diabetes pode causar danos no coração e nos vasos sanguíneos, lesões oculares e também ao nível dos rins e nervos. Vários estudos têm vindo a demonstrar que adultos com diabetes têm um risco duas a três vezes maior de ataques cardíacos e derrames e que combinada com a redução do fluxo sanguíneo, a neuropatia nos pés aumenta a chance de úlceras, infeção e, no limite, até necessidade de amputação dos membros; a retinopatia diabética pode causar cegueira e ocorre como resultado de danos de longo prazo acumulados nos vasos sanguíneos da retina, sendo que cerca de 1 milhão de pessoas são cegas devido à diabetes; esta doença está também entre as principais causas de insuficiência renal.
O que uma grande parte da população pode não saber, é que cerca de 70% dos casos de diabetes tipo 2 podem ser prevenidos através de simples modificações no estilo de vida, que acarretam efeitos positivos e efetivos na diminuição do risco de desenvolvimento desta doença.
Essas medidas passam por fazer uma alimentação equilibrada, praticar exercício físico, manter um peso saudável e não fumar (2,3,4).
O tratamento da diabetes conjuga 3 fatores importantes e fundamentais, cujo objetivo é melhorar o controlo glicémico de modo a diminuir a morbilidade e mortalidade relacionadas com as complicações desta doença. Esses fatores, que podem ser designados como “Tríade Fundamental” passam pela recomendação da prática de atividade física, a utilização de medicação quando necessário e uma alimentação saudável.
Estando a alimentação, mais uma vez, na base da prevenção e monitorização de grande parte das doenças existentes, do ponto de vista nutricional/clínico, se vive com esta condição, é aconselhável que pratique uma alimentação saudável, isto é, completa, equilibrada e variada, de acordo com a Roda dos Alimentos (5). Observe alguns exemplos de alimentos a incluir e evitar no seu dia-a-dia (5,7):
Alimentos a preferir:
- Alimentos ricos em hidratos de carbono complexos
Exemplos: pão escuro, massa, fruta e leguminosas.
- Alimentos ricos em fibra
Exemplos: legumes e hortaliças, leguminosas, cereais e derivados (ex: aveia).
- Alimentos ricos em ácidos gordos monoinsaturados
Exemplos: azeite e óleo de amendoim.
Alimentos a evitar:
- Açúcar ou alimentos ricos em açúcar
Exemplos: refrigerantes, bolos, chocolates, compotas.
- Alimentos ricos em gorduras saturadas ou trans
Exemplos: produtos de charcutaria, snacks, batatas fritas.
- Alguns tipos de frutas mais ricas em açúcar
Exemplos: uvas, banana, figos, etc.
- Bebidas alcoólicas
Os números preocupantes indicam que a tendência de crescimento desta doença é influenciada por fatores como o envelhecimento da população, mudanças dos hábitos alimentares e redução da prática de atividade física. Logo, é simples compreender que algumas práticas de prevenção resultariam num menor impacto da doença.
Não perca mais tempo e aconselhe-se com um nutricionista que o acompanhará no seu progresso com a diabetes e o ajudará a ter um melhor controlo da doença, de acordo com todas as suas necessidades. Lembre-se que, mantendo uma participação ativa na gestão da sua diabetes, já está a contribuir para a redução do risco de possíveis problemas que possam surgir e que são mais frequentes caso a glicemia se mantenha elevada durante muito tempo.
1. Diabetes. World Health Organization. 2021.
2. Diabetes mellitus, fasting blood glucose concentration, and risk of vascular disease: a collaborative meta-analysis of 102 prospective studies. Emerging Risk Factors Collaboration. 2010.
3. Causes of blindness and vision impairment in 2020 and trends over 30 years, and prevalence of avoidable blindness in relation to VISION 2020: the Right to Sight: an analysis for the Global Burden of Disease Study GBD 2019 Blindness and Vision Impairment Collaborators* on behalf of the Vision Loss Expert Group of the Global Burden of Disease Study† Lancet Global Health 2021.
4. 2014 USRDS annual data report: Epidemiology of kidney disease in the United States.
United States Renal Data System. National Institutes of Health, National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases. 2014.
5. Saiba Mais Sobre Diabetes Mellitus. Associação Portuguesa de Nutrição, 2021.
6. World Health Organization and International Diabetes Federation. Definition and Diagnosis of diabetes mellitus and intermediate hyperglycemia. 2006.
7. Alimentação. APDP – Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal. 2020.